José Orenstein
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a São Bernardo do Campo, na noite desta segunda-feira, 23, para acompanhar a estreia da TV dos Trabalhadores, a TVT. Cercado de ministros de seu governo e de líderes sindicais, Lula saudou a inauguração da emissora como “um dos episódios importantes e simbólicos da nossa democracia”. O presidente defendeu a liberdade de imprensa total e disse que seu ”único juiz é o público”. A TVT, que vai ao ar 23 anos depois do primeiro pedido de concessão, feito em 1987 pelo próprio Lula quando era parlamentar egresso do sindicalismo do ABC, deve contar com 1h30 de programação própria diária. O restante da grade deve ser preenchido com programas da TV Brasil, emissora estatal que foi representada no evento pela presidente de sua empresa gestora – a EBC-, Tereza Cruvinel. Em sua fala, Cruvinel ressaltou a importância crescente das TVs públicas no Brasil. “ A televisão, desde o seu nascimento no País, foi um negócio. As ondas eletromagnéticas, este bem público, sempre serviu, com raras exceções, à TV comercial”. Na mesma linha, o ministro de Comunicação Social Franklin Martins foi crítico ao maior espaço concedido às emissoras comerciais, e exaltou o nascimento da TVT no que chamou de “uma nova era do jornalismo”, feito em rede e não por um “pequeno núcleo ativo”. A figura de Lula foi bastante celebrada no evento, que mostrou cenas das lutas sindicais e das greves no ABC paulista, ainda no fim dos anos 70 e meados dos 80. Antes de ler seu discurso, que durou cerca de dez minutos, Lula foi ovacionado e aplaudido de pé pela plateia. A cerimônia ocorreu no Centro de Formação de Professores Ruth Cardoso – mas o nome da ex-primeira dama, mulher de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, não foi citado nenhuma vez. Tampouco foi citado no evento, que era acompanhado por sindicatos ligados à CUT além de prefeitos de cidades governadas pelo PT, o nome de Dilma Rousseff – o que é proibido pela lei eleitoral. A candidata à Presidência foi lembrada, no entanto, de modo velado, em discurso de Arthur Henrique, presidente da CUT. Ao lembrar a série de preconceitos que teriam sido quebrados para que existisse a TVT e para que Lula, um operário sindicalista fosse presidente, Henrique concluiu: “E vamos continuar rompendo preconceitos elegendo a primeira mulher presidente do Brasil”.